3 tipos de aterramento que você precisa saber e qual é o mais indicado pela NBR 5410

Você conhece os tipos de aterramento elétrico e quais suas finalidades?

Muitas instalações residenciais no Brasil não possuem um sistema adequado de aterramento, o que é obrigatório de acordo com as normas de instalações elétricas.

E com os avanços de hoje em eletrônica e tecnologia, a escolha do tipo de aterramento tornou-se uma parte essencial de um sistema de fornecimento de energia elétrica

Portanto, se você quer aprender quais são os tipos de aterramentos recomendados de acordo com a norma NBR 5410, então, continue lendo esse artigo. Nele você vai aprender mais sobre:

A NBR 5410 define três principais tipos de esquemas de aterramento que podem ser utilizados nas instalações elétricas de baixa tensão: TN, TT e IT.

1 Esquemas de aterramento

Os aterramentos devem assegurar, de modo eficaz, as necessidades de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica, constituindo-se em um dos pontos mais importantes de seu projeto e de sua montagem. Esse assunto é tratado em 4.2 da NBR 5410:2004.

1.1 Aterramento de proteção

O aterramento de proteção consiste na ligação à terra das massas e dos elementos condutores estranhos à instalação e tem o objetivo de limitar o potencial entre massas, entre massas e elementos condutores estranhos à instalação e entre os dois e a terra a um valor seguro sob condições normais e anormais de funcionamento. Além disso, deve proporcionar às correntes de falta um caminho de retorno para terra de baixa impedância, de modo que o dispositivo de proteção possa atuar adequadamente.

1.2 Aterramento funcional

O aterramento funcional, que é a ligação à terra de um dos condutores vivos do sistema (em geral, o neutro), tem por objetivo definir e estabilizar a tensão da instalação em relação à terra durante o funcionamento; limitar as sobretensões devidas a manobras, descargas atmosféricas e contatos acidentais com linhas de tensão mais elevada; e fornecer um caminho de retorno da corrente de curto-circuito monofásica ou bifásica à terra ao sistema elétrico.

Os aterramentos funcionais podem ser classificados em diretamente aterrados; aterrados através de impedância (resistor ou reator); ou não aterrados.

1.3 Tipos de esquemas de aterramento

Os aterramentos funcional e de proteção nas instalações de baixa tensão devem ser realizados conforme um dos três esquemas de aterramento básicos, classificados em função do aterramento da fonte de alimentação da instalação (transformador, no caso mais comum, ou gerador) e das massas, e designados por uma simbologia que utiliza duas letras fundamentais:

1ª letra: indica a situação da alimentação em relação à terra:

  • T: um ponto diretamente aterrado;
  • I: nenhum ponto aterrado ou aterramento através de impedância razoável.

2ª letra: indica as características do aterramento das massas:

  • T: massas diretamente aterradas independentemente do eventual aterramento da alimentação;
  • N: massas sem um aterramento próprio no local, mas que utilizam o aterramento da fonte de alimentação por meio de um condutor separado (PE) ou condutor neutro (PEN);
  • I: massas isoladas, ou seja, não aterradas.

Outras letras: especificam a forma do aterramento da massa, utilizando o aterramento da fonte de alimentação:

  • S: separado, isto é, o aterramento da massa é feito por um condutor (PE) diferente do condutor neutro;
  • C: comum, isto é, o aterramento da massa do equipamento elétrico é feito com o próprio condutor neutro (PEN).

A partir dessas designações, são definidos os esquemas TT, TN e IT, descritos a seguir.

1.3.1 Esquema TN

No esquema TN, um ponto da alimentação, em geral, o neutro, é diretamente aterrado e as massas dos equipamentos elétricos são ligadas a esse ponto por um condutor metálico (Figura 1).

Figura 1 – Esquema TN.

Esse esquema será do tipo TN-S, quando as funções de neutro e de proteção forem feitas por condutores distintos (N e PE), ou TNC, quando essas funções forem asseguradas pelo mesmo condutor (PEN). Pode-se ter ainda um esquema misto TN-C-S.

O esquema é concebido de modo que o percurso de uma corrente de falta fase-massa seja constituído por elementos condutores metálicos e, portanto, possua baixa impedância e alta corrente de curto-circuito. Neste caso, uma corrente de falta direta fase-massa é equivalente a uma corrente de curto-circuito fase-neutro.

No sistema TN, a corrente de curto-circuito não depende do valor do aterramento da fonte (RF), mas somente das impedâncias dos condutores pelas quais o sistema é constituído. Por isso, ela é elevada e a proteção é fortemente sensibilizada provocando sua atuação.

Deve-se dar preferência ao sistema TN-S porque, na operação normal do sistema, todo o condutor PE está sempre praticamente no mesmo potencial do aterramento da fonte, ou seja, com tensão zero ou quase zero em toda sua extensão.

No entanto, no sistema TN-C, a tensão do condutor PEN junto à carga não é igual a zero, porque existem correntes de carga (incluindo harmônicas) e de desequilíbrio retornando pelo neutro, causando assim quedas de tensão ao longo do condutor PEN. Portanto, as massas dos equipamentos elétricos não estão no mesmo potencial do aterramento da fonte. Neste caso, sempre há uma diferença de potencial entre a mão e o pé do operador que toca o equipamento elétrico. Outro perigo do sistema TN-C é no caso de perda (ruptura) do condutor neutro (N), em que, instantaneamente, o potencial do condutor de fase passa para a massa da carga, colocando em risco a segurança das pessoas.

1.3.2 Esquema TT

No esquema TT, o ponto da alimentação (em geral, o secundário do transformador com seu ponto neutro) está diretamente aterrado e as massas da instalação estão ligadas a um eletrodo de aterramento (ou a mais de um eletrodo) independentemente do eletrodo de aterramento da alimentação (Figura 2).

Figura 2 – Esquema TT.

De acordo com a figura 2, RF é a resistência do aterramento da fonte de alimentação e RM é a resistência do aterramento da massa do equipamento elétrico.

Trata-se de um esquema em que o percurso de uma corrente proveniente de uma falta fase-massa (ocorrida em um componente ou em um equipamento de utilização da instalação) inclui a terra e que a elevada impedância (resistência) desse percurso limita o valor da corrente de curto-circuito.

No esquema TT, a corrente de curto-circuito, depende da qualidade do aterramento da fonte e da massa. Se o aterramento não for bom, a proteção pode não atuar ou demorar muito para atuar, colocando em risco a segurança das pessoas. Neste esquema de aterramento, é obrigatório o uso de dispositivo diferencial-residual no seccionamento automático da alimentação.

As correntes de falta direta fase-massa são de intensidade inferior à de uma corrente de curto-circuito fase-neutro.

Uma das possíveis utilizações do esquema TT é quando a fonte de alimentação e a carga estiverem muito distantes uma da outra.

1.3.3 Esquema IT

No esquema IT, não existe nenhum ponto da alimentação diretamente aterrado; ela é isolada da terra ou aterrada por uma impedância (Z) de valor elevado. As massas são ligadas à terra por meio de eletrodo ou eletrodos de aterramento próprios (Figura 3).

Figura 3 – Esquema IT.

Nesse esquema, a corrente resultante de uma única falta fase-massa não possui, em geral, intensidade suficiente para fazer a proteção atuar, mas pode representar um perigo para as pessoas que tocarem a massa energizada, devido às capacitâncias da linha em relação à terra (principalmente no caso de alimentadores longos) e à eventual impedância existente entre a alimentação e a terra.

Somente em dupla falta fase-massa, em fases distintas, a corrente de curto-circuito poderá provocar a atuação da proteção.

Muitas indústrias, em alguns setores, utilizam o sistema IT, no qual a impedância (Z) é constituída de uma reatância projetada para que a corrente de curto-circuito, para a primeira falta fase-massa, seja limitada a um valor pequeno (por exemplo, 5 A). Essa corrente de curto-circuito sinaliza apenas a existência da primeira falta, sem necessidade de desligar o circuito, acionando apenas a equipe de manutenção, que não precisa corrigir a falha imediatamente, a produção do setor industrial continua normalmente e a equipe de manutenção pode programar seu serviço no horário mais adequado.

Neste esquema de aterramento é obrigatório o uso de dispositivos supervisores de isolamento.

A escolha do aterramento é muito importante, por isso, é sempre importante lembrar que, todo o trabalho  seja um projeto, uma manutenção ou uma simples instalação em baixa tensão deve ser feita, sempre obedecendo às normas técnicas.

Fonte e credibilidade: http://www.eletricistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/guia-nbr-5410-fasciculo-4/guia-nbr-5410-fasciculo-4/#:~:text=A%20NBR%205410%20define%20tr%C3%AAs,%3A%20TN%2C%20TT%20e%20IT.