O DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) surgiu para ajudar a evitar problemas com surtos provenientes de descargas atmosféricas e manobra de concessionária de energia elétrica, desviando qualquer surto de tensão.

De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), as descargas atmosféricas são responsáveis por um grande número de desligamentos das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica, além da queima de um número considerável de transformadores de distribuição.
As descargas atmosféricas que atingem estruturas ou que atingem a terra em suas proximidades são perigosas às pessoas, às próprias estruturas, seus conteúdos e instalações.
No Brasil, cerca de 70% dos desligamentos na transmissão e 40% na distribuição são provocados por raios. Cerca de 40% dos transformadores também são queimados por raios.
O Brasil é campeão em descargas atmosféricas no mundo, o que nos leva a um cenário preocupante quanto a proteção dos sistemas elétricos.
Os DPS são obrigatórios em instalações de redes elétricas desde 2004, segundo a norma ABNT 5410.
Mas o fato da instalação dos DPS ser obrigatória, não garante que o seu sistema elétrico está protegido.
É importante atentar para as técnicas de instalação dos DPS, que infelizmente nem sempre são observadas.
Quer saber mais sobre essas técnicas, suas características e os cuidados para garantir o funcionamento do DPS e a segurança da sua instalação elétrica?
Continue lendo esse artigo e garanto que você vai encontrar muitas novidades e dicas sobre esse assunto.
Como Funciona um DPS?
Antes de começar a falarmos sobre as técnicas de instalação do DPS, precisamos primeiro entender um pouco sobre o seu funcionamento.
De forma bem simplificada, mas esclarecedora, vou descrever o funcionamento de um DPS ideal.
Assim, será mais fácil e simples assimilar os conceitos que envolvem esse dispositivo. Não é o intuito, nesse artigo, aprofundar sobre as características técnicas, seus componentes e o comportamento do dispositivo.
Vamos deixar esse assunto para um próximo artigo.
O DPS ideal pode ser descrito como uma “caixa preta”, cujo interior não conhecemos, conectada entre o condutor Linha (L) e o condutor (PE).
Sendo assim, o DPS possui impedância (Z) infinita para não alterar o funcionamento normal do sistema.

Com a ocorrência de um surto de tensão a impedância (Z) cai para 0Ω (zero) nos terminais do DPS, tornando possível a condução de corrente.
A impedância nos terminais do DPS é inversamente proporcional ao nível do surto de tensão, ou seja, quanto mais alto o surto, menor é a impedância (Z) e maior será a corrente dissipada para a terra.

Através da figura acima é fácil visualizar o DPS como um interruptor que entra em curto circuito, na presença de um surto de tensão, protegendo o circuito.
Classificação dos DPSs
Existem 3 classes de DPS, que são identificadas pela norma NBR 5419/2015, conforme abaixo:
- Classe I: os DPS Classe I permitem eliminar os efeitos diretos causados pelas descargas atmosféricas.
O DPS Classe I é instalado obrigatoriamente quando a edificação está protegida por um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Os ensaios do DPS Classe I são realizados com uma corrente de choque (limp) de forma de onda 10/350μs. Ele deve ser instalado com um dispositivo de desconexão a montante (tipo disjuntor), cuja capacidade de interrupção deve ser no mínimo igual à corrente máxima de curto-circuito presumida no ponto da instalação. - Classe II: os DPS Classe II são destinados a proteger os equipamentos elétricos contra sobretensões induzidas ou conduzidas (efeitos indiretos) causados pelas descargas atmosféricas. Os ensaios do DPS Classe II são efetuados com corrente máxima de descarga (Imáx) de forma de onda 8/20μs. Ele pode ser instalado sozinho ou em cascata com um DPS Classe I ou com outro DPS Classe II; também deve ser instalado com um dispositivo de desconexão a montante (tipo disjuntor), cuja capacidade de interrupção deve ser no mínimo igual à corrente máxima de curto-circuito presumida no local da instalação.
- Classe III: os DPS Classe III são destinados à proteção fina de equipamentos situados a mais de 30m do DPS de cabeceira. O DPS Classe III é testado com uma forma de onda de corrente combinada 12/50μs e 8/20μs. Classe I: fenômeno da natureza absolutamente imprevisível e aleatório, tanto em relação a suas características elétricas, quanto em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre estruturas, edificações e equipamentos.
Técnicas de Instalação dos DPS
Após analisar, de forma resumida, o que é um DPS, seu funcionamento e as classes de proteção, vamos falar sobre o tema principal desse artigo, que são as técnicas de instalação desse dispositivo.
É de extrema importância estar atento as informações a seguir, pois a não aplicação correta dessas técnicas pode inutilizar o DPS em uma instalação elétrica e gerar a falsa sensação de proteção do sistema.
O processo de instalação dos DPS desempenha um papel importante na proteção dos equipamentos: uma instalação malfeita pode inutilizar até mesmo a presença dos DPSs em um sistema.
Como e Onde Devemos Ligar o DPS
Para saber onde e como instalar um DPS é importante apresentar o conceito de nível eficaz de proteção Vp/ef.
O nível eficaz de proteção considera a tensão do DPS (Vp) e a queda de tensão nos terminas dos condutores que estão conectados ao DPS (V1 e V2).

Vp/ef = Vp + V1 + V2
Definimos ∆V = V1 + V2
Vp/ef = Vp + ∆V
A norma EN 62350 quantifica ∆V = 1kV/m para DPSs de classe I, mas é insignificante para as classes II e III.
Ao analisar o diagrama ao lado, podemos observar que se os condutores que ligam o DPS forem muito longos, cria valores de tensão que não podem ser conhecidos e vão se somar a Vp do protetor de surto, alterando ou mesmo eliminando a capacidade de proteção do DPS.
Ou seja, o DPS poderá não ser sensível o suficiente para perceber o surto de tensão.
A equação acima é válida para DPSs que usam varistor.
Para DPSs que possuem centelhador, é necessário escolher o maior valor entre ∆V e Vp. Neste caso, a queda indutiva nas conexões ocorre apenas após a ignição do centelhador, não se somando a Vp.
Como é Possível Garantir a Proteção Oferecida pelo DPS
A seguir, veremos uma série de 3 precauções que são necessárias na fase de implantação para garantir a proteção oferecida pelo DPS.
1 Barra Equipotencial
Deve-se garantir que o equipamento a ser protegido está ligado a mesma barra equipotencial ao qual o DPS está ligado. Não ligar o equipamento a qualquer barra equipotencial do edifício.
Outro ponto de atenção, deve ser com relação a ligação do fio terra que tem que ser ligado a barra equipotencial, passando por conduíte separado dos condutores fase neutro.
2 Ligação de Entrada e Saída
O comprimento dos cabos de entrada e saída do DPS não podem ser maiores que 50cm, no que diz respeito aos DPS Classe I. Para conexões maiores que 50cm, pode-se fazer a conexão direta nos terminais do DPS, isso faz com que seja eliminada a contribuição de ∆V. (D1 + D2 ≤ 0,50m).

3 Reduzir a Indutância entre Cabos
Outra técnica é a redução da indutância entre os condutores. Essa redução pode ser garantida de duas formas:
- Trançando os fios condutores;
- Utilizando cabos blindados.
A instalação correta exige que o fio terra que sai do DPS seja conectado a uma barra de equipotencial e seja passado em um conduíte dedicado.
Erros Comuns em Instalações com DPS
Vou citar alguns erros comuns que ocorrem em instalações de DPS. Sempre encontro esses erros em vários clientes que visito, seja em instalações comerciais ou instalações industriais.
- Ligações muito longas para DPS;
- DPS ligado a uma barra equipotencial qualquer. Neste caso cria-se a possibilidade de inserir uma indutância entre a barra equipotencial onde está conectado o equipamento e a barra equipotencial onde está instalado o DPS. Com essa indutância a queda de tensão ∆V é acrescida de uma variável Vx (nova indutância). Assim, o nível de tensão eficaz Vp/ef assume valores muito elevados;
- Fio terra instalado junto com os condutores protegidos. Esse tipo de erro pode causar um acoplamento indutivo, anulando o efeito do DPS.
Conclusão
Então, essas são as dicas fáceis, mas nada simples, que tenho para você na hora de executar a instalação do DPS.
Os DPSs, apesar de pequenos e passarem despercebidos por muitos, são equipamentos de alta tecnologia e grande importância na segurança e proteção de vidas.
Fonte e credibilidade: http://eletrifikas.com.br/nw/instalacao-de-dps-e-os-erros-mais-comuns/