Especialistas rebatem Guedes e explicam problema de energia mais cara: “é grave”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou na quarta-feira os riscos da crise energética e afirmou que é apenas uma “nuvem no horizonte” para a recuperação da economia brasileira. “Qual é o problema agora: que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?” , afirmou o ministro, em evento na Câmara dos Deputados.

Para especialistas, o problema é, sim, grave. A conta de luz tem forte peso no orçamento doméstico. Depois da gasolina, energia elétrica residencial é o item individual que mais influencia na inflação pelo IPCA, índice que é a principal referência do país. Energia tem peso de 4,50% e gasolina, de 5,95%.

Nos últimos 12 meses, a conta de luz já subiu em média 20% no Brasil.

Além disso, a energia tem um efeito em cascata para os preços da economia. Afeta os custos da indústria e do comércio, pressionando a inflação como um todo. Tem forte peso para setor de serviços, como restaurantes, salões de beleza e academias. O setor de serviços foi um dos mais afetados pela pandemia do coronavírus e começa a ganhar fôlego com a reabertura da economia.

O custo maior da energia pode reduzir o crescimento econômico do país em 2022, avaliam os especialistas. No início desta semana, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, alertou que o risco de restrição de oferta de energia já está pesando mais do que a propagação da variante Delta do coronavírus na recuperação da economia brasileira.

Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) constatou que nove entre cada 10 empresários estão preocupados com a crise hídrica.

No levantamento, feito com 572 empresas, 98% afirmaram que que haverá aumento de preços de energia, 63% demonstraram preocupação com o risco de racionamento e 61% com a possibilidade de instabilidade ou interrupções no fornecimento de energia.

Em sua declaração no evento on-line nessa quarta-feira, Guedes afirmou estar confiante na retomada da economia e que o país “vai atravessar” essa crise.

“Estou muito confiante que nós vamos atravessar. Se no ano passado, que era o caos, nós nos organizamos e atravessamos, porque nós vamos ter medo agora? Quer dizer, qual é o problema agora: que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos? Ou o problema é que está tendo uma exacerbação porque anteciparam as eleições? Tudo bem, vamos tapar os ouvidos e vamos atravessar”, declarou durante evento de lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, na Câmara dos Deputados.

Segundo pesquisa da CNI, 9 em cada 10 empresários está preocupado com a crise de energia

Para além do impacto na economia em 2022, analistas acreditam que os efeitos da crise vão se propagar também na inflação do ano que vem. A TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia, prevê que as tarifas residenciais dos brasileiros terão alta média de 9,7% neste ano. Para 2022, a expectativa é de aumento médio de 8,6%.

“Os efeitos das tarifas maiores deverão ser sentidos no próximo ano com os processos de reajustes tarifário”, avalia Gustavo Carvalho, gerente de preços e Estudos de Mercado da consultoria Thymus.

Fonte e credibilidade: https://economia.ig.com.br/2021-08-26/energia-mais-cara-guedes.html